domingo, abril 24, 2005 

Futuro dos Mercados Bolsistas

Pela primeira vez n’O Económicas vou tratar do tema que mais me apaixona na economia, irei analisar a situação presente e futura dos Mercados Financeiros.

Hoje em dia, qualquer economia estável, credível e onde os seus agentes económicos criem riqueza tem capacidade para deter uma Bolsa de Valores (BV). Este espaço é de extrema importância num sistema económico capaz de gerar riqueza. Segundo alguns estudos, o valor transaccionado em algumas praças, ascende ao valor do PIB nacional (o valor transaccionado na bolsa de valores Suiça – SWX – representa 120% do PIB Suíço; nos E.U.A. esse montante transaccionado pela NYSE e o NASDAQ representa 40% do PIB).

A realidade transparece isso mesmo, hoje em dia vivemos numa sociedade onde predomina, cada vez mais, a liberalização mercantil, facilitando a mobilidade de bens e serviços, pessoas e capitais, o que permite que qualquer investidor tenha a capacidade de colocar as suas poupanças em qualquer região do globo que lhe garanta maior rentabilidade.
Uma dessas formas de rentabilizar a riqueza, é por via do investimento no mercado bolsista, que apresenta (segundo alguns estudos) uma rentabilidade média de 8% – 10% quando aplicado num período de 5 a 6 anos, e num período de 10 anos, o investidor tem 91% de hipóteses de obter mais valias. São de facto valores bastante significativos quando comparados com as rentabilidades que podemos tirar dos nossos depósitos a prazo, com taxas de juro de 1.7% anuais!

Se esta é uma via cada vez mais credível para os investidores, do lado da oferta, por parte das Bolsas de Valores, existe uma constante e “vibrante” competição, com o intuito de concentrar a maior quantidade de investimentos. Para o fazer, as bolsas tentam aliciar o maior número de investidores. De todos os incentivos que possam arranjar, o que mais alicia um investidor a investir o seu dinheiro é o nível de liquidez da bolsa, pois isso significa maior facilidade na compra e venda de acções e de qualquer outro activo financeiro, melhorando claramente a probabilidade de obtenção de lucros.

O nível de liquidez de uma praça baseia-se em dois aspectos que considero fundamental:
a dimensão do mercado que a incorpora, não só ao nível geográfico mas principalmente ao nível económico; e depois depende da sua capitalização bolsista (multiplicação do preço pelo número de activos financeiros).
Desta forma, torna-se claro que existem 4 grandes bolsas mundiais, New York Stock Exchange (NYSE), NASDAQ, London Stock Exchange (LSE) e ainda Tokyo Stock Exchange (TSE) e depois um conjunto de pequenas bolsas.

O que verificamos no presente e cada vez mais no futuro é uma fusão/união destas pequenas bolsas em grupos financeiros de forma a aumentarem a sua competitividade face a estes 4 “monstros bolsistas”. Esses grupos estam a formar-se com cada vez mais ênfase na Europa, como é o caso da BME (bancos de mercados espanhóis) que incorpora as principais praças espanholas, Valência, Bilbau, Madrid, Barcelona; outro grupo financeiro com uma forte perspectiva futura é o OMX Exchange que incorpora 6 bolsas nórdicas (Estocolmo, Helsínquia, Riga, Vilnius, Copenhaga e Talin), permitindo que os seus clientes tenham acesso a 80% do mercado bolsista báltico e nórdico, apesar de ainda apresentar uma capitalização bolsista reduzida, trata-se de uma grupo com estratégias bastante definidas e ambiciosas, realizando no presente acordos bilaterais com a bolsa de Singapura e com outras bolsas internacionais. Na Europa, temos talvez o maior grupo financeiro e mais conhecido de todos nós, a Euronext. É uma holding holandesa que actua pelas suas filiais locais, foi constituída em Setembro de 2000 pelas bolsas de Amesterdão, Bruxelas e Paris (representando quase 75% do total da capitalização bolsista actual) e posteriormente em 2001 adquiriu a antiga Bolsa de Valores de Lisboa e Porto (Euronext de Lisboa) e a Euronext LIFFE (mercado de derivados). Trata-se assim de uma bolsa pan-europeia com uma estratégia de expansão para novos mercados de forma a tornar-se, cada vez mais, o principal “adversário” da NYSE, tendo para isso realizado já alguns acordos com as bolsas dos vários países que irão integrar na União Europeia com o intuito de virem a integrar o grupo.

A principal ideia que vos queria transmitir com esta abordagem ao mercado bolsista é justamente a evolução que este mercado terá. Se na Europa nos aperceberemos do contínuo crescimento da Euronext que passará, com certeza, pela aquisição da LSE (apesar das últimas negociações não terem corrido como desejado) e possivelmente, dos outros grupos que referenciei anteriormente (BME e OMX). Nos E.U.A. veremos uma maior concentração do mercado na bolsa de Nova Iorque e no NASDAQ, que por serem bolsas com elevados níveis de liquidez os seus accionistas não pretendem abrir mão da sua participação que tantos dividendos lhe garantem, havendo apenas alguns acordos com outras praças norte-americanas, como é o caso da bolsa de Chicago para permitir a negociação de outros activos financeiros e algumas aquisições junto de empresas electrónicas com o intuito de melhorar os seus meios de transacção e negociação, como foi o caso no dia 22 de Abril a aquisição da Archipelago Holding por parte da NYSE e nos próximos dias a compra da Reuters Group PLC pela NASDAQ com o objectivo de aumentarem, ainda mais, o seu nível de liquidez e atraírem mais investidores.

A grande dúvida que surge, diz respeito aos mercados Américo Latino, com forte expansão (em 2004 a bolsa mexicana foi a praça bolsista que apresentou maiores níveis de rentabilidade em todo o mundo, na ordem dos 48%) e ao mercado asiático, onde residem grandes potências económicas “a despertar”. Se na América Latina poderemos observar uma situação similar à europeia, com a união das várias bolsas, isto porque o mercado norte-americano, tão desejado pelos latinos, está fechado para possíveis fusões, no mercado asiático a situação é menos previsível. O mercado asiático constituído por potências económicas tão heterogéneas culturalmente como são a China, Taiwan, Índia, Coreia do Sul, este processo de união bolsista, na minha opinião, é menos provável e por isso poderá dar lugar a uma competitividade “acesa” entre estas bolsas, ou possivelmente, levará a aquisições destas por parte de fortes grupos financeiros Norte-Americanos, mas principalmente Europeus.

Desta forma, é certo que ainda num espaço longínquo, iremos observar uma convergência destas pequenas bolsas para uma só por grandes regiões ou continentes, melhorando assim o nível de liquidez de todas elas.

No presente, todas estas fusões ainda são extremamente imprevisíveis, o que torna este mercado num espaço tão apetecível e emocionante para os seus amantes!

lmleitao

domingo, abril 17, 2005 

Poupança como base Económica da Economia

Esta semana, trago-vos uma análise sobre a Poupança Mundial.

A poupança consiste na parte do rendimento que não é consumida pelo agente económico, que será utilizado para gerar riqueza para si mesmo e para a sociedade em geral, na medida que essa poupança será utilizada por outros para financiar projectos de investimento. Assim, quanto maior for a taxa de poupança, maior será o crescimento económico de um país.
Para que o ciclo de Poupança → Crescimento Económico, seja eficiente a poupança tem que ser feita pelos aforradores juntos de instituições financeiras para que essas financiem os projectos de investimento por parte dos empreendedores ou mesmo pelas famílias na aquisição da sua habitação, ou seja, se este ciclo for feito de forma correcta o dinheiro de quem não precisa, no presente (aforradores), é utilizado por quem precisa, no presente, quer sejam empresas ou famílias na obtenção de empréstimos bancários.

Nos nossos dias, verificamos que este ciclo não é feito da forma mais eficiente, pois não é viável para ambas as partes, mas principalmente para os aforradores, devido às baixas taxas de juro praticadas em depósitos (cerca de 1.7% anual), fazendo com que os aforradores encaminhem as suas poupanças para outros “caminhos” com taxas de rendibilidade superiores, fazendo com que o “ciclo de poupança → crescimento” deixe de funcionar, pois deixa de haver financiamento.

Num artigo intitulado "The shift away from sthrift" publicado esta semana na The Economist, é feito uma análise preocupante sobre a variação, nos últimos anos, da taxa de poupança das famílias nos países desenvolvidos.
Verifica-se que a taxa de poupança dos países do Norte tem cada vez mais vindo a diminuir, o que faz com que não haja financiamento para quem precisa de recorrer ao crédito, quer seja para investir em novos projectos, quer seja para adquirir uma casa ou outro qualquer bem ou serviço, fazendo com que os desequilíbrios económico-sociais se agravem cada vez mais, havendo uma maior divergência de classes sociais neste países.

Uma das conclusões do artigo, refere que este fenómeno está ligado ao desenvolvimento do sistema financeiro destes países, na medida que lhes permite obter maiores rentabilidades, ou seja, verifica-se que estes investidores, preferem investir no mercado bolsista (activos financeiros e seus derivados) e mais recentemente no mercado imobiliário, que lhes garante uma rentabilidade de 8% ao ano (em média num período de 5 anos) do que investir num depósito a prazo a uma taxa de 1.7% ao ano.
Este facto ocorre, sobretudo, devido às baixíssimas taxas de retorno dos depósitos a prazo, que nem chegam a suportar os níveis de inflação (o que em termos reais se traduz em perda do poder de compra).

Uma das soluções para combater este fenómeno seria aumentar as taxas de juro, mas isso implicaria aumento dos custos nos empréstimos obtidos, o que se tornaria numa solução errada. Outra solução, seria criar incentivos junto dos investidores para que esses não só criassem riqueza como a “colocassem” ao serviço de quem mais precisa.
Segundo vários estudos, a aplicação destes incentivos não significa obrigatoriamente, aumento da propensão poupada, mas de certa forma, podem contribuir para que haja mais gente a aplicar as suas poupanças de forma mais eficiente.
Um tipo de incentivo que vigorou em Portugal, cerca de 15 anos foram os Planos de Poupança de, Reforma e Educação (PPR/E), de habitação (PPH) e os de Acções (PPA) que tinham subjacente uma rentabilidade de 25% sobre o total da riqueza investida (mediante um limite máximo estipulado por idades). Este incentivo, apesar de ter afectado apenas 7% da população portuguesa, no último ano em vigor, em 2004, este tipo de produtos teve uma forte afluência devido a uma enorme campanha de marketing por parte das instituições financeiras junto dos seus clientes.

Eu defendo a existência deste tipo de incentivos fiscais, podia até ver outros sobre outros produtos, isto porque incentiva a população a poupar mas de forma correcta beneficiando não só o indivíduo, no futuro com as mais valias criadas, mas toda a sociedade, pois assim é possível fomentar o crescimento económico, não só no presente mais principalmente num período futuro, pois fomenta a melhoria do nível de vida no futuro e como o cada vez mais deprimente estado financeiro da Segurança Social, maior será a preocupação das pessoas em garantirem o seu “pé de meia” na altura em que se aposentarem.

Para concluir, penso que a poupança é fundamental na criação de riqueza de um país, e no caso de Portugal é fundamental que o Estado tenha um papel importante no incentivo à poupança, verifiquem que os incentivos fiscais representaram em média apenas 1 % do PIB nacional, o que em termos futuros se torna bastante produtivo. É preciso, sobretudo, que cada cidadão tenha consciência que é necessário poupar mas também é preciso que os vários agentes económicos criem condições plausíveis e não demagógicas para fomentar a poupança individual.

sábado, abril 09, 2005 

Estigma Social da Globalização

Para finalizar o tema da globalização gostaria de referir o aspecto social da questão, isto porque não foi anteriormente focalizado.

A globalização, nos dias que correm, é vista com bastante receio nos Países Desenvolvidos (países do Norte) no que respeita na abertura das suas fronteiras, não só em termos económicos (retratado no artigo anterior) mas cada vez mais, em termos sociais.
A Globalização, na sua essência, prossupõe a livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoas, ou seja, um "mundo global" prossupões um Mercado Livre Económico e Financeiro e Social.
Com isto, quero dizer que tudo o que é criado economicamente pela liberalização dos mercados cria obrigatoriamente consequências na sociedade, ex. mais empresas cria mais postos de trabalho, o que origina mais concorrência e mais baixos preços (tal como o inverso).

O aspecto social da globalização, nos nossos dias, assume um poder tal que quando colocado de forma menos correcta pode criar grandes problemas sociais.
Na semana passada ao ler um artigo do Semanário Económico sobre a (in)sustentabilidade do Sistema de Segurança Social Português, o qual analisava que cerca de 49% dos desempregados são imigrantes, e que 51% desses são angolanos, representando os imigrantes de leste uma fatia de 11%.
Estes número são bastante alarmantes, em termos de tx. de desemprego, mas mais alarmante é esta mesmo análise, reparem no que dirá um indivíduo com pouca formação e baixas habilitações (generalidade da população portuguesa) e desempregado pensará, de certeza que a razão pela qual está no desemprego e pela situação lastimável que está a nossa Segurança Social é dos estrangeiros. O que não é verdade, ou seja, concluímos que cerca de 90% dos imigrantes que residem no nosso país (especialmente dos luso descendentes), são indivíduos que realizam tarefas que os trabalhadores portugueses não querem fazer.

Por outro lado, é bastante interessante vermos as vantagens que podemos tirar desta mão-de-obra, especialmente dos imigrantes de leste com elevados níveis de formação académica e com idades compreendidas entre os 22 - 35 anos de idade. Se virmos estes indivíduos (cidadãos do leste) como um pacote, em que o estado Português não teve qualquer custo com eles (saúde e educação) ao longo da sua vida e encontrarem-se em perfeita idade para trabalhar, porque não aproveitar os seus conhecimentos e eficiência em àreas que somos tão necessitados, como na saúde com especial relevo no interior!? Façamos como a França após a 2ª Guerra Mundial que foi um exemplar receptor de imigrantes de várias culturas, não só europeias mas sobretudo de indivíduos provindos das suas antigas colónias, ou mesmo Inglaterra, com especial foco para Londres que é talvez a capital da Europa onde todas as culturas e etnias se chocam.
Na minha opinião, temos que pegar nos instrumentos que temos e utilizá-los da forma mais eficiente e não nos limitando a desprezá-los e a culpá-los de tudo de mal que nos acontece, não será por ventura que se combaterá o desemprego pela criação de postos de emprego precários, mas sim pela criação de postos de trabalho essenciais para a economia e aproveitar estes "pacotes" para contribuirem, juntamente com todos nós, para o aumento da tão famosa taxa de produtividade.
Não nego que este confronto de culturas possa desencadear problemas sociais mas não são problemas sem resolução.

Vejamos a realidade actual da sociedade holandesa, uma sociedade que eu sempre tive a noção de ser um país "super liberal" em todos os aspectos mas sempre dentro de limites e com uma organização exemplar das suas instituições e cidadãos, depáro-me com um artigo bastante interessante da revista inglesa The Economist desta semana, que retata um fenómeno inverso à ideia de "super liberalização holandesa".
Este artigo evidencia um clima de alguma discriminação por parte da população holandesa quanto aos seus imigrantes em problemas sociais, como a criminalidade com especial foco para a comunidade Islâmica após o esfaquemento de Van Gogh (crítico da cultura islâmica) e o assassinío de um político bem como outros possíveis assassínios políticos planeados por uma rede islâmica.
A diferença entre a sociedade Portuguesa e Holandesa apenas se parece nestes pontos, mas rapidamente diverge quanto à forma de resolver os problemas. Enquanto que Portugal segue a política de "contínua culpabilização" o governo holandês, ao aperceber-se deste fenómeno tomou a iniciativa, juntamente com um leque de instituições, de apostar sobretudo na edução e formação destes indivíduos, trabalhando com universidades, centros de formação e de apoio a imigrantes de forma a contribuir para que a integração destes indivíduos seja feita de forma eficiente e caso não se sintam bem tenham a livre vontade e a facilidade de retomarem aos seus países e mais, adoptou uma política, que no meu entender pode ser considerada demasiada excessiva quanto não estudada em detalhe, que consistiu no facto de que todo o trabalhador que rejeite uma proposta de trabalho e que tenha capacidades para a desemprenhar e esteja desempregado sofrerá fortes medidas repulsivas (ainda não determinadas), mas possivelmente passará pela retirada do subsídio de desemprego.

De uma forma geral, observamos que os países europeus começam a preocupar-se com a imigração e a livre mobilidade de pessoas por todo o espaço europeu, sendo essa preocupação cada vez maior com o alargamento da União Europeia e por isso é cada vez mais importante procurar e encontrar soluções credíveis o quanto antes e não quando a situação se torna "insólita".

lmleitao

sábado, abril 02, 2005 

(in)desejável Globalização

O primeiro assunto a ser desenvolvido no Económicas é a Globalização.

É um dos temas mais comentados na actualidade e mais controverso que suscita tantas opiniões divergentes na comunidade Económica.

A Globalização, como todos os fenómenos, tem vantagens como desvantagens, a grande dúvida está em saber qual destas prevalece.
A Globalização pode ser vista como um fenómeno demagógico e hipócrita feito pelas grandes potências mundiais que desejam-na a todo o custo quando necessitam de enriquecer à conta dos mais pequenos mas rapidamente a rejeitam e criticam, quando a partir de certa altura não lhes trás tantos benefícios como inicialmente.
Reparem no que se passou desde sempre, os países desenvolvidos, Alemanha, França, Reino Unido, E.U.A, sempre defenderam a globalização na medida em que os países mais pobres deveriam abrir as suas fronteiras e barreiras comerciais (facilitando a entrada nestes países das suas multinacionais) mas nunca defenderam a abertura das suas próprias fronteiras, tendo mesmo fechado ao comércio externo determinados sectores (o caso mais marcante é o sector agrícola americano, extremamente protegido pelo Governo). Ou mesmo a crise financeira da América Latina, que foi desencadeada pelos grandes investidores que serviram-se das próprias lacunas dos mercados financeiros deste países para retirarem enormes dividendos como para destruírem, ainda mais, as economias dos países latinos, na medida que, num dia “injectavam” grandes quantidades de capital nestes países, de forma a valorizarem a moeda local, para que no outro dia retirassem o seu capital mais as suas mais-valias do país, levando a economia local à debilidade total.

Por outro lado, podemos ver o lado positivo da Globalização, vejam o período após-guerra, na reconstrução da Alemanha e da França, países completamente destruídos economicamente, socialmente e politicamente, com carência de mão-de-obra para reconstruir os seus países, tiveram que recorrer a mão-de-obra estrangeira, nomeadamente italiana (principalmente a Alemanha), alguma portuguesa e argelina (França). Muitos defendem que o desenvolvimento dos países menos desenvolvidos depende principalmente do investimento feitos pelas multinacionais no seu território, pois estas “favorecem a introdução de novas tecnologias, o acesso a novos mercados e a criação de novas indústrias” como defende Joseph E. Stiglitz, mas será mesmo assim, não estarão estas empresas unicamente preocupadas na obtenção de lucro? Talvez não só, isto é, olhando por exemplo, para o caso da Microsoft e da Sun Microsystems na Índia, que vieram dar um alento à economia indiana, com fortes investimentos na zona, logicamente com o objectivo de obter lucro, mas proporcionaram elevados investimentos no país, contribuído para o desenvolvimento base de uma economia, a educação.

Enfim, são dois panoramas com o seu ponto de vista, a questão coloca-se em saber como se deve enfrentar a Globalização, porque não passa pela cabeça de ninguém viver num mundo fechado, vivemos e viveremos num mundo Global onde a concorrência tenderá ser cada vez mais forte.
Quando hoje tememos a forte concorrência chinesa no mercado dos têxteis e procuramos explicações baseadas unicamente nas condições humanamente degradantes praticadas na China, para os baixos preços em comparação aos nossos, será que não nos perguntamos o que andámos a fazer nos últimos 30 anos, em que este mercado foi extremamente protegido pelo governo, com enormes apoios monetários por parte de todos nós contribuintes! O que foi feito a estes dinheiro? Logicamente que não poderemos concorrer directamente na produção dos têxteis com os chineses, e muito provavelmente também não o seríamos caso as coisas fossem diferentes, mas podia-se estar já um passo à frente no que se refere a novos produtos, a novos processos de produção, a novas áreas de pesquisa de inovação de investigação, e então ai poderíamos não estar tão preocupados com os possíveis 100 mil trabalhadores que virão para o desemprego!!!
Reparem no inverso da situação Portuguesa, oo casos do Japão e dos E.U.A. e da Coreia do Sul que construíram a sua economia protegendo inteligentemente algumas das suas indústrias até estas se tornarem suficientemente fortes para competirem com as suas congéneres estrangeiras". O caso da Coreia do Sul é bastante similar ao Português mas com um fim bastente diferente. Durante 2 décadas a Coreia do Sul foi um país com uma Economia fechada, bastante controlada pelo governo e hoje é uma das fortes ameaças no mercado manufacturado, como na electrónica e no mercado industrial, isto porque a política económica coreana durante este período baseou-se numa política de protecção face ao exterior por parte do estado, dando tempo para as suas indústrias se desenvolverem e competirem com as congéneres estrangeiras, tornando-se hoje, concorrentes no mercado internacional, isto claro, aliado ao bom senso e eficiência por parte dos gestores e empresários coreanos que souberem aproveitar a oferta, ao contrário da generalidade dos nossos gestores que “só fazem um poço quando têm sede”, o problema agrava-se é quando o poço está seco!

O caminho a seguir, de certeza que não passará em tentar competir com os preços de países como a China e a Índia com políticas que se baseiam em baixos salários, aumento das horas de trabalho, exploração da mão-de-obra e todo um conjunto de políticas condenáveis humanamente, mas sim investir em áreas de afirmação, apostar na qualidade intelectual dos indivíduos, como são as áreas da educação, tecnologia, inovação e investigação, pois são estas áreas que demarcam os países desenvolvidos dos em desenvolvimento!

Assim cabe-nos obtar por ser uma das personagens, seremos como o Pigarro² que recusa e resiste à mudança e com isso irá conduzir-lhe a uma situação pior, ou seremos como o Gaguinho², que aprende a adaptar-se com o tempo quando vê que a mudança conduz a uma situação melhor.
Somos nós que fazemos o nosso destino, e por isso, só a nós nos cabe enfrentar o futuro como quisermos.


² Personagens da obra de Dr. Spencer Johnson, Quem Mexeu no meu Queijo


lmleitao

sexta-feira, abril 01, 2005 

Apresentação

Antes demais, obrigado por visitarem o Económicas, espero contar com a sua assídua participação.

Este projecto trata-se sobretudo de um desafio. Já há algum tempo, tenho vindo a pensar se seria uma boa ideia levar avante a ideia de um blogue económico. Um blogue que fosse sobretudo um espaço de discussão entre indivíduos com diferentes pontos de vista sobre a realidade económica internacional, tornando-se num espaço de conjugação de conhecimentos, de discussões, onde possamos vir a beneficiar uns com os outros.


O Económicas consiste num espaço onde expresso o meu ponto de vista sobre a Economia e os assuntos económicos que nos rodeiam diariamente. Será um espaço iniciado por mim mas desenvolvido por todos nós, assim espero, com as vossas participações.
Espero que possamos todos juntos fazer discussões positivas contribuindo de certa maneira para o esclarecimento das pessoas que visitem frequentemente o nosso blogue.

O Económicas irá ser actualizado semanalmente. Todas as semanas irei colocar à vossa disposição um oudois artigos económico por mim analisado, de forma a poderem contribuir com o vosso conhecimento, com os vossos comentários e até com futuras sugestões.

Cumprimentos
lmleitao

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