terça-feira, fevereiro 20, 2007 

1. Preço dos dólares num continente chamado África

“O ‘boom’ do petróleo criou uma mentalidade nos governantes de que eles não precisam de desenvolver uma economia diversificada”, diz E.J. Alagoa, um historiador reformado da Universidade de Port Harcout à Pública na edição de 18 Fevereiro.

Com o mundo cada vez mais dependente do “ouro negro”, a descoberta de poços de petróleo em solo nacional cria sempre grandes expectativas às populações locais na esperança de que os rendimentos provenientes da exportação do petróleo venham a beneficiar de maneira geral a economia nacional. No entanto, essas expectativas não passam disso mesmo: esperanças com pernas curtas.
A Nigéria é um dos exemplos que a pouco e pouco se vem tornando num poço desejado pelas grandes petrolíferas internacionais enquanto que a população começa “a ver o petróleo mais como uma maldição que uma bênção”. Responsável de 3/4 das receitas governamentais do pais, segundo dados do Banco Mundial, a Nigéria extrai petróleo à 50 anos e, pouco ou em nada, têm contribuído as petrolíferas multinacionais da Agip, Royal Dutch Shell, Chevron, Exxon Móbil e outras que exploram esta matéria-prima no país, para melhorar as condições de vida dos locais. Muitos acusam-nas das grandes catástrofes ambientais provocadas nas regiões em que são feitas as explorações petrolíferas. Afectando campos de cultivo, rios e bacias hidrográficas, muito se tem feito em prol de fortunas que apenas seguem no sentido ascendente do globo em direcção aos cofres destas empresas.
Casos de epidemias e de crimes ambientais são ocorrência comum no delta do rio Níger. Na região mais populosa de África, concentrando mais de 20 milhões de pessoas e a maior parte do petróleo, muitos Nigerianos bebem e tomam banho diariamente da água do Níger que foi alvo de sete derrames em três anos, enquanto que a Shell adopta uma atitude cínica quanto ao assunto e, refere que “mais de metade dos 224 derrames ocorridos e de 94 por cento dos 12 mil barris que se perderam foram da responsabilidade de sabotadores”.
Muitos estudos têm mostrado que a exploração e a extracção de petróleo nas regiões mais desfavorecidas do planeta apenas trazem ainda mais miséria. A promessa de melhores salários atrai os mais pobres que rapidamente abandonam as suas terras e as suas actividades para se tornarem operários. Fazendo com que esses países fiquem à mercê do poder do dólar. É o que acontece com Angola e Nigéria. Segundo os especialistas, “quase toda a reserva nigeriana de 36 biliões de barris continua debaixo dos pântanos ou mais a sul, no Golfo da Guiné. A este ritmo, vai levar cerca de 40 anos a extraí-lo todo”, revela o jornalista Scott Calvert à revista Pública.
Com os bolsos cheios de petrodólares e com ‘plafons’ inesgotáveis nos seus platinados cartões de crédito, quatro ou cinco governadores destes países passeiam-se pelos Champs-Elysées e pela 5th Avenue distraindo-se a estoirarem milhares de fortunas em sapatos e malas enquanto que a população tenta sobreviver diariamente com menos de um dólar por dia.
Nos “entretantos” temos a comunidade internacional a olhar com naturalidade para esta realidade e a lamentar-se da situação. Prefere antes centrar-se nas taxas de crescimento esperada em 2007 para África de mais de seis por cento, enquanto vira os olhos e tapa os ouvidos às denúncias feitas pela ONU para os sinais de genocídio no Chade em que o produto interno bruto por cada Chadiano nem sequer chega a ser o vigésimo de um Finlandês ou a um Irlandês.
Olhando para este cenário de miséria misturada com milhões de dólares, a guerra é um fenómeno incontornável. Um barril de pólvora pronto a estoirar. Enquanto isto acontece do outro lado do hemisfério, nós ficamos como meros espectadores a visionar um filme que já sabemos o seu final. Impávidos e serenos lamentamo-nos deste espectáculo enquanto milhares e milhares de vidas desaparecem do dia para noite à velocidade a que resolvemos os nossos problemas que não passam de meras gotas ao lado de um imenso mar como este, que caminha a passos largos para um abismo e encarado como um problema sem solução. Será mesmo? Eu recuso-me a acreditar que se trata de uma causa perdida e que muito, todos nós, podemos fazer. Sem “penas” e lamentações. Encarar África como um mercado com mais de 11,5 por cento da população mundial, pode ser um bom começo para criar e gerar riqueza nos cofres de investidores como nas populações. Basta para isso adoptar um sentimento de ética profissional que infelizmente está à muito desenraizado numa sociedade, cada vez mais centrada no próprio umbigo.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 

Quais os custos económicos da legalização do aborto?

“O feto é propriedade de toda a sociedade e quem quer que seja que evite ter filhos não passa de uma desertora que abandona as leis de continuidade nacional”. Este discurso poderia levarmo-nos a pensar que se trataria de um sermão desnorteado e repleto de desinformação por parte de mais um padre numa “terriola” perdida no mapa de Portugal. Mas não. Este discurso foi proclamado por Nicolae Ceausescu, em 1966, um ano depois de se ter tornado ditador da Roménia e tornado o aborto ilegal

Parece-me que o debate sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) tem sido feito em redor de uma total desinformação e utilizando com particular incidência um sentimentalismo gratuito por parte dos defensores do Não. Tocando em pontos, e expondo ideias dos quais não têm qualquer conhecimento de base nem argumentos plausíveis. Recorrem unicamente a “larachas para inglês ver”. Dentro das inúmeras incoerências por parte dos partidários que defendem a Não despenalização da IVG, destaca-se a problemática, de que caso o Sim vença, o Estado cairá numa despesa incalculável, comprometendo-se a pagar cerca de 600 euros por aborto a todas as mulheres que o desejem fazer. Referem-se a esta situação como um mal e um fardo que a sociedade não pode pagar porque caso a nova lei vá avante, as mulheres (quase) que vão sentir uma imensa vontade de correr aos hospitais para abortarem, “passará a ser uma coisa tão normal como um telemóvel” refere incoerentemente o economista João César das Neves ao Diário de Notícias na edição “online” de 19 de Janeiro 2007.


Aborto vs Criminalidade

Será que existe alguma relação entre mais abortos e menos crime? Steven D.Levitt, um dos jovens economistas mais brilhantes dos EUA, no seu mais recente livro, Freakonomics – O estranho mundo da economia – relaciona de uma forma fantástica estas duas problemáticas. Diz ele, pegando novamente no exemplo da Roménia em 1966 que “as crianças nascidas após a proibição do aborto tinham mais probabilidades de se transformar em criminosos do que as crianças nascidas antes”. Esta afirmação tem como base estudos realizados noutro países da Europa do Leste e na Escandinávia que revelaram uma tendência semelhante. Na maioria destes casos, não era completamente proibido realizar o aborto mas para o fazer uma mulher tinha que obter uma autorização de um juiz para poder abortar. Os investigadores descobriram que nos casos em que era negada à mulher a autorização para abortar, era frequente que ela não recebesse bem o bebé e não lhe proporcionasse um bom ambiente familiar. Mesmo analisando por escalões de rendimento, idade, nível de educação e saúde da mãe, os investigadores concluíram que aquelas crianças tinham maiores probabilidades de vir a ser criminosos.

Porém, o mais impressionante é o que Levitt expõe sobre o impacto que a legalização do aborto teve na redução incrível da taxa de criminalidade nos EUA. Diz o economista que “no princípio dos anos 90, ao mesmo tempo que a primeira coorte de crianças nascidas depois da legalização do aborto e que entravam na idade na qual os jovens enveredam em pleno crime, a taxa de criminalidade começou a cair (...) a legalização do aborto conduziu a menos filhos não-desejados; e os filhos não-desejados levam a taxas de criminalidade elevadas”. Mesmo assim, revela que “esta teoria está destinada a provocar uma enorme variedade de reacções, desde a incredulidade passando pela rejeição até a uma grande variedade de objecções, desde o nível do quotidiano ao nível moral”.
Pode ser perturbante e até chocante pensarmos que estas duas variáveis poderão estar correlacionadas. Mas não será curioso que quer nos EUA quer em vários países da Europa de leste e do norte de Europa a correlação entre elas seja marcante?
Tomemos a realidade portuguesa e façamos algo semelhante ao que Levitt fez com dados dos EUA. Comecemos por colocar a seguinte questão:

Qual é o valor relativo entre um feto e um recém-nascido?

Naturalmente que se trata de apenas um exercício especulativo e obviamente que esta questão não tem uma resposta certa bem definida, mas este exercício pode ajudar a clarificar o impacto do aborto na criminalidade.
Tomemos uma pessoa que é absolutamente contra o aborto (como os movimentos pro-vida e que para este referendo estão do lado do Não) e outra que é absolutamente a favor do direito de escolha. Trata-se de um cálculo simples: a primeira, acreditando que a vida começa com a concepção, consideraria provavelmente que o valor de um recém-nascido contra o valor de um feto é de 1:1; a segunda pessoa, acreditando que o direito de uma mulher a abortar se sobrepõe a qualquer outro factor, defenderia provavelmente que não é possível estabelecer um número de fetos que se possa considerar equivalente a um recém-nascido. No entanto, consideremos uma terceira pessoa que, a título de exercício, é obrigada a atribuir um valor relativo e que decide que um recém-nascido tem um valor equivalente a cem fetos.

Segundo dados do Eurostat (departamento de análises estatísticas da União Europeia), a legalização da IVG resulta na triplicação do número de abortos (tomando como base a previsão quanto ao número de abortos ilegais aquando a lei punia a sua realização). O que é natural que ocorra numa situação de transposição de uma realidade ilegal, em que se desconhece em concreto o número de abortos ilegais praticados, para uma situação legal e com registos clarificados. Calculando-se que ocorra em Portugal perto de 20 mil abortos todos os anos, e outros 5 mil realizados por portuguesas além fronteiras, caso a lei seja proclamada o número de abortos irá ascender aos 75 mil. Para uma pessoa que acredita que 1 recém-nascido vale 100 fetos, esses 75 mil abortos vão traduzir-se – dividindo 75 mil por 100 – no equivalente a uma perda de 750 vidas humanas. Setecentas e cinquenta mil vidas humanas é, aproximadamente o mesmo número de pessoas que morrem, por ano, devido a homicídios em Portugal. Por isso, “até mesmo para alguém que considera que um feto só vale um centésimo do valor de um ser humano, o balanço entre uma maior incidência de abortos e uma diminuição da criminalidade é, do ponto de vista de um economista, muitíssimo eficiente” conclui Levit.

Fazendo as contas, chegamos à seguinte conclusão: os custos que o Estado poderá ter ao comprometer-se a pagar, pela totalidade, as despesas relativas a uma IVG (à volta dos 600 euros por intervenção) representam apenas 0,37%* do total de impostos que as 75 mil mulheres contribuem ao longo da sua vida activa. Afinal, que fardo imenso é este que a sociedade não pode pagar, quando o que uma operação deste género custa aos cofres do Estado representa menos que meio por cento do total de impostos que uma mulher desconta ao longo de uma vida de trabalho?!

Deste modo, o que a relação entre o aborto e a criminalidade nos mostra é o seguinte: quando o governo dá a uma mulher a oportunidade de tomar a sua própria decisão sobre o aborto, ela normalmente faz um bom juízo sobre se está em posição de criar uma criança em condições adequadas. Talvez esteja na altura de se começar a fazer uma campanha com o intuito de esclarecer a população, independentemente sse defenda a legalização ou não, é antes preciso que a mensagem que passe para a opinião pública seja a mais correcta e transparente e não se entre por caminhos sinuosos e se utilize o sentimentalismo mesquinho para cativar mais um voto. Porque, até hoje, apenas encontrei análises subjectivas, de ambas as partes, nos seus panfletos de campanha, não havendo a preocupação de qualquer uma delas em expor claramente a questão que irá encontrar no boletim de voto a 11 de Fevereiro:

Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?



* 0s 0,37% resultam da seguinte operação: total de impostos que uma mulher paga ao estado durante a sua vida activa / custo total de um aborto, tomando como base o ordenado médio praticado em Portugal em 2006 de 800 euros, trabalhando 40 anos e sendo praticado uma carga de imposto, em 2006, de 36%.

domingo, janeiro 28, 2007 

Estratégias empresarias a favor do desenvolvimento sustentável

Há mais de uma ano que não divagava sobre qualquer assunto no económicas. Muito devido a ter feito uma “digressão” pela Europa de leste como estudante de Erasmus. Ao mesmo tempo que escrevia para outro blogue, "Praga pelos meus olhos", relatando as minhas aventuras diárias. A juntar a isso, dei início a um projecto que já trazia à algum tempo, na construção da minha página pessoal. Como tal, o económicas ficou desactualizado durante um longo período de tempo, mas não esquecido!
Para provar que espero continuar a vê-los por aqui a navegar durante bastante tempo trago-vos um tema inovador: Strategies that Enrich the Poor and Build Corporate Brands


Este é o tema da 2ª Conferência Global sobre Responsabilidade Social realizada nos próximos dias 15-17 de Fevereiro em Vilamoura.
A ideia deste debate consiste em mostrar alguns exemplos realizados pelas mais reputadas marcas no mundo que adoptaram novos modelos empresariais para países em vias de desenvolvimento (PVD). Partem do princípio de negócio, com o objectivo de conquistarem novos mercados mas, promovendo melhores condições de bem-estar nestes países. Consiste numa abordagem complementar ao método tradicional do sector privado no que respeita à ajuda aos PVD, alinhando os seus objectivos empresarias com os objectivos do Millennium das Nações Unidas. Sobretudo no que respeita aos comum processo de ajuda dos países ricos aos países mais pobres baseada na perspectiva da solidariedade e dos donativos, que mais não constituem, referem alguns especialistas como sendo “remédios esporádicos e de efeito cosmético, sem poder efectivo para a resolução dos problemas económicos e sociais que afectam esses países”.

A ideia utilizada por estas empresas centra-se num princípio de Base da pirâmide (BOP). Que resumidamente se centra sobre a produção de produtos com base nas necessidades e das características das regiões e das sociedades a que se destina. Com este intuito, muitas empresas já começam a operar desta forma, sobretudo nos PVD onde os recursos são escassos, que passa sobretudo por: novas soluções tecnológicas e pela definição de uma nova equação entre as componentes preço, produto, distribuição e comunicação que tornem possível a absorção dos produtos e serviços nesses mercados.
Porém, não nos podemos esquecer do objectivo primordial das empresas: obter lucro. E por isso, é de ressalvar que esta iniciativa não surge por acaso. Estamos a falar de um mercado com mais de quatro mil milhões de potenciais consumidores, estando as empresas inteiramente interessadas em fazer negócio junto destas comunidades.

Exemplos:

• Para vencer os obstáculos da distribuição da Índia rural, caracterizada por uma rede rodoviária deficitária e sem a presença das grandes cadeias ocidentais, a HLL em parceria com uma instituição financeira promoveram uma iniciativa empresarial junto de mulheres de cidades rurais, ajudando-as a criar o seu próprio negócio através do microcrédito, fornecendo-lhes os conhecimentos e as ferramentas necessárias para o sucesso do seu pequeno negócio, contribuindo para a duplicação do seu rendimento e criar melhores condições para as suas famílias.

• A Porcter & Gamble foi outra empresa que contribuiu com o seu saber para. Juntamente com outras ONG promoveu um projecto (PUR)para gerar água potável nos PVD através de um produto que agora é vendido à população a um preço reduzido e acessível à generalidade da população: 0,10 dólares por 10 litros de água. Desde que foi introduzido, o PUR já distribuiu mais de 260 mil milhões de litros de água potável pelos mercados do Paquistão, Quénia, Uganda, Haiti e República Dominicana. Sendo igualmente utilizado em situações de emergência e de catástrofe nacional no Bangladesh, Zimbabué, Sudão Etiópia, Iraque e nos países devastados pelo Tsunami na região do Sudeste Asiático.

• Para combater o flagelo que avassala o segundo maior pais com mais casos de Sida no continente americano, o Brasil, a Johnson & Johnson ofereceu um donativo de 2004-2005 à Associação Saúde de Família num projecto em Sapopemba, que contribuiu para aumentar o acesso à prevenção contra o vírus a mais 108 mil mulheres e adolescentes. Num segundo projecto, a Johnson & Johnson contribui para um estudo de um ano tendo como alvo 30 mil mulheres e adolescentes no Ceará que colidiu com mais de 25 mil contactos porta-a-porta informando sistematicamente a população sobre a importância da prevenção no combate da Sida, ao mesmo tempo que eram distribuídos preservativos e feito gratuitamente vacinação à Hepatite B e testes ao HIV e à sífilis.


Muitos outros exemplos poderia enunciar, porém, acho que a mensagem importante a ressalvar destas estratégicas por parte das grandes empresas mundiais é a cada vez mais se notar a preocupação e a sua envolvência nas comunidades que estão inseridas. Nem que seja com o intuito de “agradar” aos consumidores. O importante é estas estratégias serem levantes avante e apesar de o lucro ser o objectivo primordial destas empresas o papel que o sector privado pode desempenhar nas comunidades é imenso e fundamental para afastar definitivamente do mundo flagelos vergonhosamente sustentados pela comunidade internacional como é a pobreza, a sida, as discriminações raciais e religiosas.

Para saberem mais sobre esta problemática não deixem de ir ao sítio do “World Business Souncil for Sustainable Development”.

Luís

domingo, dezembro 18, 2005 

Helping Africa to help itself - Debt Relief as 1st step to Development

O nível de desenvolvimento de um povo deriva em muito da sua história e do conhecimento que este tem e como é influenciado no presente pelos seus antepassados.

Se olharmos para África, observamos um continente que sofreu inúmeras atrocidades desde a época da colonização por parte dos europeus, que foram capazes de destruir muita parte da história africana, criando um continente à sua imagem e de acordo com as suas necessidades, ao incorrecto processo de descolonização feito maioritariamente na década de 60, à incorrecta canalização e utilização das ajudas internacionais até à incoerente política comercial adoptada pela União Europeia e pelos Estados Unidos da América no que respeita à protecção sobre a importação de bens agrícolas de países em vias de desenvolvimento por via de incentivos aos seus agricultores e aplicação de elevadas taxas aduaneiras sobre estes produtos. Todo este processo esteve na base de uma situação económica, social e política perturbadora existente hoje em todo o continente. Sendo necessário e coerente que sejam estes a remediarem o mal feito no passado.

A pobreza é talvez o maior flagelo da humanidade estando hoje centralizado no mais fascinante continente, África.
Ao entoarmos o nome de África as primeiras palavras que no vêm à memória são expressões que nós ocidentais nos devemos envergonhar, tais como, guerra, corrupção, fome, miséria, malária, sida, morte. Mas rapidamente nos lembramos das belas paisagens da planície Queniana e do seu fascinante pôr-do-sol visionadas pelo mítico filme ‘África Minha’ que nos fazem esquecer de tudo o que nos envergonha.
África encontra-se hoje numa situação deplorável e inexplicável aos olhos de quem ainda sonha com um mundo melhor. Tornando-se no centro de guerras constantes, calamidades de saúde pública, índices de pobreza extrema destacando-se os 50% da população africana que vive com menos de 1 dólar por dia.

"I encourage you in your advocacy for total debt cancellation for poor countries because, frankly, it is a scandal that we are forced to choose between basic health and education for our people and repaying historical debt."- President Mkapa of Tanzânia, 2005.

Pela voz do Presidente da Tanzânia e de muitos outros governantes, denota-se uma clara preocupação pelo perdão do serviço da dívida que se torna na principal barreira para o investimento e, principalmente, no incremento de despesa nos sectores da educação e da saúde fundamentais para o desenvolvimento de um povo.


Na maioria dos países Africanos o serviço da dívida chega a ser superior à própria despesa em Saúde, demarcando-se o caso atroz da Zâmbia, das Honduras e da Mauritânia.
Esta situação denota uma clara falta de margem financeira criada a estes governos no que respeita a despesas básicas e muito distante a fomentação de investimento.
Se alargarmos esta realidade a despesas sobre a educação, encontramos uma realidade bem mais alarmante, onde países como os Camarões, Etiópia, Gambia, Guiné, Madagáscar, Senegal, Uganda, Zâmbia, Muritânia e Malaui ultrapassam em larga escala o montante gasto no pagamento do serviço da dívida em relação com o que é gasto nestes serviços de primeira necessidade.

É por isso essencial recorrer ao perdão da dívida na sua integridade, com especial foco sobre o serviço da dívida com o intuito de que estes países consigam construir uma economia pela base criando os devidos alicerces.
Neste sentido, o perdão da dívida proporcionará, no curto/médio prazo, um investimento em áreas de primeira necessidade. Este montante será canalizado para combater problemas sociais, fomentando o investimento na educação e na formação da população de forma a melhorar os níveis de produtividade e eficiência da economia, construir redes sanitárias de forma a combater doenças transmissíveis e mortíferas, combatendo de frente doenças como a malária e a tuberculose e proporcionando medicamentos adequados às populações, permitirá a distribuição de alimentos e de água junto das pessoas mais pobres, combatendo a pobreza, a má nutrição, a fome. Proporcionando no longo prazo uma economia sustentável e competitiva no mercado internacional sendo capaz de proporcionar aos cidadãos condições de vida substancialmente melhores que as actuais.

Alguns países que viram a sua dívida perdoada conseguiram melhorar em muito as suas condições. O perdão da dívida possibilitou que a Tanzânia incrementasse em 66% o investimento em despesas na educação primária; Moçambique garantiu a distribuição de bens de primeira necessidade para grande parte das crianças; no Uganda, o alívio da dívida possibilitou à população o acesso a água potável, em Benin 54% do perdão da dívida permitiu que este montante fosse gasto em despesas com a Saúde, incluindo cuidados de saúde primários em regiões rurais e na aplicação de programas de combate ao VIH
Estas são os sucessos gerados dos poucos perdões de dívida por toda a África, confirmando que o caminho a seguir terá que passar pelo perdão substancial da dívida.

Uma das medidas que mais impacto provocou na comunidade em torno do perdão da dívida de um país, ocorreu em Outubro de 2005 no Clube de Paris – reúne os maiores 19 países mais ricos – acordaram perdoar a dívida que a Nigéria incorria para com o clube, atingindo um valor perto dos 18 mil milhões de dólares que será totalmente liquidada em Abril de 2006, possibilitando que a Nigéria utilize, sobretudo o que gastaria para pagar o serviço da dívida, em investimento com bens e serviços de primeira necessidade para com o seu povo, deixando definitivamente de ‘fugir da queda da bola de neve’.

O problema surge imediatamente após a assinatura do acórdão. Nasce um novo e ainda mais problemática situação, o Preço do Perdão da Dívida. Este acordos são rubricados tendo como intermediário o FMI, originando que todos estes países fiquem sujeitos a políticas rígidas implantadas por este organismo, conotando desde logo para um grau de soberania reduzido o respectivo governo nacional e orientando programas de ajustamento estrutural estandardizados com vista ao controlo do défice comercial (abertura fronteiriça ao exterior, desvalorização da moeda, diminuição de custos salariais), controlo do défice público (redução do investimento público promovendo as privatizações de empresas públicas) e o controlo da inflação (controlo da emissão de moeda, cancelamento de aumentos salariais e uma subida das taxas de juro).
Para além da dependência política que muitas nações se sujeitam, este relatório, tendo a Nigéria como sujeito, expressa especificamente, que o perdão da dívida nigeriana por parte do clube de Paris só será feito com o contraposto da Nigéria no espaço de 6 meses após este perdão, venha a pagar o restante montante em dívida, no valor de 12.4 mil milhões de dólares, aos seus credores. Esta consequência, muitas vezes negligenciada, provocará danos profundos na economia visto que este montante será pago pelas reservas da produção de petróleo que têm sido utilizadas para reduzir os níveis de pobreza neste país destruindo uma base já construída e com efeitos práticos para a população.

É bem verdade que a maioria dos processos de perdão da dívida têm sido feitos tendo como intermediário o HIPC – Programa do FMI com vista a promover o perdão da dívida dos países mais pobres – com os seus programas e por isso a sua importância não deverá ser descurada deste processo, nomeadamente por até hoje haver nações que ainda são beneficiadas ao abrigo destes programas, tendo como último ‘felizardo’ o Burundi, que viu a sua dívida ser perdoada em 90%. Mas tratam-se de programas demasiado extensos, poucos flexíveis e em reduzida quantidade impossibilitando que os resultados sejam marcantes no contexto continental.
Tal como a importância que o FMI e o Banco Mundial venham a ter na economia internacional, a questão centra-se sobre as reestruturações que estas organizações deveram ser sujeitas no que respeita à sua organização e na definição de objectivos.

Parece-me que o centro da questão se desenrola em redor do ‘fardo económico’ que todos estes países carenciados transportam década após década. Que os torna mais lentos na procura do crescimento económico, incapacitando-os de desenvolverem toda uma estrutura social, cultural e económica. Denoto que o pagamento das dívidas externas dos países africanos, e do correspondente serviço da dívida, afastam anualmente 10 mil milhões de dólares de investimento na saúde, educação, emprego e recuperação económica, indispensáveis ao desenvolvimento desses países. É por isso essencial financiar convenientemente o crescimento económico e o desenvolvimento, reconstruindo os sistemas de saúde e de educação, promover o financiamento no fornecimento de água e saneamento. Não descurando um forte investimento nas infra-estruturas (estradas, barragens, projectos de fornecimento de energia e de tecnologias de informática e comunicação) para estimular o investimento estrangeiro, mas sobretudo capaz de quebrar as barreiras internas que impedem o progresso, devendo haver particular preocupação junto da agricultura.
É fundamental o papel pró-activo das grandes potências mundiais em redor do perdão da dívida junto dos países mais carenciados do mundo. Sendo que esta ajuda não deverá restringir-se ao perdão. É fundamental que a política comercial proteccionista dos EUA, Europa e Japão sobre os produtos agrícolas, com especial foco para a produção do algodão e dos cereais, seja eliminada, visto não beneficiar ninguém, nem os consumidores nacionais – que vêm esses produtos a preços mais elevados –, nem estes povos que desejam sair do subdesenvolvimento ao verem as portas de entrada nestes mercados fechados, contribuindo apenas para a contínua má gestão e fraca produtividade dos produtores nacionais que vivem e subsistem à conta de subsídios (situação bem presente em Portugal na industria têxtil, já descrita no artigo (in)desejável Globalização).
Espero que a conferência de Doha traga novas reformas do sistema comercial internacional, apesar das esperanças não serem muito elevadas, mas que não se descure do perdão da dívida.

Com esta análise, entendo que o caminho para o desenvolvimento dos países mais carenciados passará com certeza pelo perdão total da dívida externa gerada com a responsabilidade por parte dos países devedores como pelos seus credores. Bem sei que será difícil haver o primeiro país a perdoar a dívida, sobretudo se continuar a predominar a ideia de que esta acção provocará um sentimento de inércia junto da população. Situação que considero pouco clara e pouco justificada visto tratar-se de pessoas que não têm qualquer nível de riqueza onde essa ajuda proporcionará apenas melhores condições de vida na saúde, alimentação e educação e nunca num nível de ostentação de riqueza.

É por isso fundamental que exista uma sensibilização por parte da comunidade internacional, começando pelo perdão da dívida e acabando na reestruturação das políticas comerciais.

Para finalizar, denotando um sentimento de esperança para um futuro melhor e mais justo é interessante reflectir sobre uma frase profanada por Sir Winston Churchill.

All great things are simple, and many can be expressed in single words:
freedom, justice, honor, duty, mercy, hope."




Nota: Esta breve análise resultou de um estudo e um trabalho que realizei no âmbito acadêmico, defendendo a ideia de que o perdão da dívida deverá ser visto como a primeira medida a realizar nos países mais endividados do mundo com o intuito de os ajudar a ultrapassarem o subdesenvolvimento.

domingo, novembro 06, 2005 

Porquê alterar a Taxa de Juro?

O grande desafio que será colocado à União nos próximos tempos irá concentra-se em redor da definição de uma nova taxa de juro de referência, lembrando que actualmente está nos 2%.
A taxa de juro trata-se de um instrumento extremamente poderoso na política monetária de um país ou região influenciando toda a estratégia interna e externa de uma Economia pelas consequências que provoca na procura interna e na política comercial externa.

A determinação da taxa de juro é feita pelos bancos centrais dos países. No caso da União Europeia Monetária (UEM) a entidade responsável pela sua determinação é o Banco Central Europeu (BCE) e nos Estados Unidos da América é a Reserva Federal dos Estados Unidos (FED), tendo cada um os seus objectivos. O BCE utiliza a sua política monetária para regular a inflação, enquanto que a FED rege a sua política monetária com o principal objectivo de fomentar o crescimento económico, relegando para segundo plano o controle de pressões inflacionistas. É com estes pressupostos que teremos que analisar a política europeia e norte-americana.

É importante estar ciente das alterações que provêm de um aumento das taxas de juro:

1) Aumento dos custos das famílias em função dos empréstimos bancários associados ao crédito pessoal e ao crédito habitação;
2) Aumento dos custos para as empresas, pelo aumento dos custos associados aos empréstimos bancários, e a custos da mão-de-obra que reivindicarão salários mais elevadas como justificação do aumento do custo de vida;
3) Aumento do custo do dinheiro, contribuindo negativamente para as exportações e beneficiando os produtores nacionais pela redução das importações;
4) Provoca pressão sobre a inflação evitando o aumento sustentado e contínuo dos preços;
5) Favorece a entrada de divisas no território nacional.

Os dois primeiros pontos dizem respeito à política económica interna do país.
As empresas financiam-se por dois meios, por via de empréstimos bancários (financiamento indirecto) ou através da emissão de acções ou obrigações (financiamento directo) no mercado de capitais estando todos eles associados, no curto prazo, negativamente ao aumento da taxa de juro originado custos sobre a dívida mais elevados e financiamentos mais reduzidos. As famílias vêm os seus custos aumentarem, diminuído o seu poder de compra vendo como única alternativa a reivindicação de salários mais elevados.

Os últimos três pontos são consequências sobre a política comercial do país ou região.
Centrando a análise para a Europa, considero que com o aumento das taxas de juro iremos beneficiar de um Euro forte, sobretudo face ao dólar norte-americano, que é a moeda sob a qual é transaccionada uma grande parte dos produtos no mercado internacional.
Muitos questionam que um Euro forte face ao Dólar irá originar um forte entrave às exportações europeias para o resto do mundo, pois isso fará com que essas fiquem mais caras e por isso mais difíceis de exportar. Eu considero que esta consequência não afectará em larga escala a União Europeia a 25 membros (EU 25), isto porque, segundo dados do BCE de 2004, o total das exportações para fora da EU (25) tenha sido de 32%, enquanto que quando incluindo toda troca comercial na Europa, essa percentagem diminui para 27%, acrescentando a este facto, tem-se verificado uma tendência de decréscimo destes valores desde 2000.
Neste sentido, verificamos que o “motor europeu” depende maioritariamente da procura interna, tal como Portugal, cuja expansão económica depende apenas de 20% das suas exportações enquanto que os quase 70% da produção interna dependem do “ouro negro”, do petróleo, que é negociado em dólares norte-americanos.

Como tal, penso que com o aumento gradual da taxa de juro contribuindo para um Euro forte, a matéria-prima mais utilizada na produção irá ficar mais barata favorecendo o preço final dos produtos europeus, permitindo controlar a inflação originando que os consumidores vejam melhorar os seus níveis de vida.
Se aliarmos a uma produção e procura interna forte, uma entrada de divisas por via de investimento nos mercados financeiros ou mesmo em infra-estruturas atraídos por uma maior taxa de rendibilidade dos seus investimentos (a taxa de juro é vista como indicador da rendibilidade dos investimentos), isso irá criar níveis de confiança elevados (factor psicológico extremamente importante no comportamento económico dos agentes), maior taxa de emprego, aumento da produtividade e por conseguinte mais riqueza para todos nós.

Perante a mentalidade e os princípios para o qual foi criado a União Europeia e o Banco Central Europeu, a inflação é o “alvo a abater” e por isso a política monetária pelo aumento da taxa de juro, neste momento, deverá ser o caminho a seguir em resposta à nossa imensa dependência das matérias primas, com principal ênfase sobre o petróleo que acabam por influenciar o preço de quase todos os outros produtos.

Se me perguntarem se concordo com a política do BCE, direi que não concordo com a hierarquia que coloca aos seus objectivos, que se resume pelo controlo da inflação, considero tão importante como esse, a preocupação sobre o crescimento económico, sendo o BCE um pilar fundamental e prioritário sobre a estratégia económica da União, passando desde logo por uma maior flexibilidade dos princípios do PEC (Plano de Estabilidade e Crescimento), nomeadamente sobre a conjectura da dívida externa e do défice público de forma a não se tentar cumprir objectivos tomando decisões não planeadas, não querendo dizer com isto que acredito numa total anarquia de limites, muito pelo contrário, acredito é que esses limites devam ser revistos caso a caso com o intuito de nos tornarmos numa Europa mais homogénea e compacta pois temos que aceitar que hoje, a Economia Europeia ainda é bastante desigual entre os seus membros e por isso, é urgente rever os objectivos e princípios da UEM com o intuito de permitir o desenvolvimento sustentável e consolidado dos Estados-Membros.

lmleitao

domingo, julho 17, 2005 

Fundos de Investimento - uma Forma de Diversificação

Na continuação do tema anteriormente desenvolvido achei que seria interessante mostrar uma de muitas outras formas como se pode proceder à diversificação dos investimentos.

Antes de estudar todas as possibilidades que o mercado possa oferecer, é essencial o investidor definir três ideias: Tempo, Risco e Rendibilidade pretendida


1) Tempo: qualquer investidor tem que decidir o período de tempo a que está disposto a expor-se ao seu investimento, tendo em atenção que quanto maior for o período de investimento, maior probabilidade terá de realizar maior número de mais-valias;
2) Risco e Rendibilidade pretendida: este é talvez o binómio mais conhecido no mundo financeiro Risco/Rendibilidade, pressupõe que maior exposição ao risco significará maiores rendibilidades obtidas.

No meu entender, um investimento em mercados financeiros, para a generalidade dos investidores, terá que ser feito tendo em atenção um prazo não inferior a 3 anos até 5, 8 ou mesmo 10 anos, não se esqueçam que não se enriquece de um dia para a noite.

Quanto ao risco a correr, isso varia muito consoante a característica de cada um, desde a sua personalidade, onde existe quem tenha maior controlo sobre perdas do que outras (mais avessos ao risco), e outros não; e está ligado directamente com a idade e com as responsabilidades de cada um, onde podemos definir que quanto mais “velhos” mais conservadores!

Tendo em atenção estas três variáveis, tem que se conhecer os produtos que a “praça” nos oferece.
Neste artigo vou-me concentrar unicamente nos Fundos de Investimento (FI), por serem os produtos financeiros com maior diversificação à disponibilidade de "qualquer bolsa" sem custos demasiado elevados e com rentabilidades bastante apreciáveis nos últimos tempos.

Para qualquer investimento que se faça, quer seja em acções, derivados, obrigações, fundos de investimento é essencial “encarar o investimento como um negócio” (Warren Buffet), ou seja, saber exactamente em que se investe e encará-lo como um activo que gerará lucro pela sua actividade e não vê-lo como um activo apenas rentável na diferença entre o preço de venda e o de compra. No caso dos FI’s é fundamental ler o prospecto do produto (toda a informação do fundo, desde a sua composição, ao risco associado, à sua rendibilidade passada até à identidade da equipe que o gere).

A edição n.º 86 da Revista Prémio (8 de Julho de 2005) faz uma análise interessante do sobre os princípios de investimento em fundos, a que chama “10 Mandamentos para investir em fundos”



Este quadro exemplifica na plenitude as 3 variáveis que vos falei, Tempo, Risco e Rendibilidade.

Esta é apenas uma forma teórica de encarar qualquer investimento. Numa próxima oportunidade irei expor a forma pratica que utilizo quando invisto num Fundo de Investimento.

Um abraço.
lmleitao

segunda-feira, julho 04, 2005 

Diversificação de Investimentos

Depois de ter passado um pouco mais de um mês sem escrever qualquer artigo por motivos de força maior, gostaria de vos trazer um tema que me parece aceite por todos os investidores, mas… será o mais correcto?


Ao falar com qualquer investidor e, mais marcante, com professores universitários (desculpem-me a expressão, se “pelam” por investimentos que não sejam depósitos a prazo!) que leccionem esta matéria, todos nos dizem que o mais correcto a fazer no mercado financeiro baseia-se no processo de diversificação “não colocar todos os ovos no mesmo cesto, porque se este cai, ficamos sem todos os ovos”, aconselham-nos a compor uma carteira de investimentos suficientemente diversificada de forma a reduzirmos o risco, mas… também a rendibilidade. Essa diversificação terá que ser feita tendo conta dois pontos que considero fundamentais, o carácter de cada investidor face ao risco e o tempo que pretende despender para atingir os seus objectivos.

Muitas revistas especializadas em finanças pessoais, como é o caso da Prémio e da Carteira, em cada edição nos apresentam uma carteira para cada tipo de investidores, havendo já alguns bancos que realizam um inquérito com várias questões em que dependendo das respostas dos clientes, estes, serão considerados investidores conservadores, equilibrados ou agressivos, tendo posteriormente um cabaz de produtos considerados ideais para cada perfil e planos de investimento extremamente diversificados.
Considero que é sempre benéfico para qualquer investidor diversificar a sua carteira mas nunca de forma exagerada, pois caso o faça, irá com certeza anular os ganhos dos investimentos com maior rendibilidade, apesar de também reduzir as suas perdas dos investimentos menos rentáveis. É essencial que ao fazer-se qualquer investimento se tenha em mente o tão famoso binómio risco/rendibilidade, quanto maior o risco, maior rendibilidade e vice-versa.

Mas… ao ouvir constantemente para a necessidade de diversificar a minha carteira, até há bem pouco tempo nunca tinha pensado em não o fazer.
Esta semana, ao “passear” pela Fnac, deparei-me com um livro do, talvez, maior Guru do mundo financeiro, “Como enriquecer na bolsa como Warren” de Warren Buffet e por curiosidade, ao folhear o livro interessei-me por um capítulo em que analisava o processo de diversificação de investimentos. Segundo Buffet, considera que “a diversificação não é mais que um meio de qualquer investidor esconder a sua estupidez”. Pareceu-me uma citação realística, senão vejamos, ao investir o meu capital em qualquer produto que seja, faço-o porque acredito que seja o melhor produto no mercado, é aquele que me irá oferecer maior rentabilidade. Ora, então porque não invisto toda a minha poupança nesse produto? Porque acho que devo procurar outro e mais outro produto? Será porque não tenho confiança nem estou seguro na minha análise e aposta que fiz sobre o produto inicial?
Parece-me que a essência desta citação se baseia na confiança do investidor, e sabendo que é essencial neste meio ter essa característica, penso que 99% dos investidores não optaria por investir a totalidade do seu capital num único produto, por mais confiança que tivesse, isto porque o risco que correria seria brutalmente elevado e tudo menos racional, apesar de sabermos que o mercado de intraday tem tudo menos de racionalidade….

Contudo esta afirmação vir de um expert, continuo a achar que o melhor que se deve fazer, será apostar pela diversificação dos nossos investimentos de forma racional, diversificando o risco mas também a rendibilidade, especialmente para a generalidade dos cidadãos que devem fazer investimentos de médio e longo prazo (3-5 anos ou mesmo mais) e não de curto prazo, pois já diz o ditado “ninguém enriquece do dia para a noite”.

Nota: Não deixem de visitar este endereço, http://www.caldeiraodebolsa.com/forum/viewtopic.php?t=41012&highlight=, que consiste num tópico do fórum do Caldeirão da bolsa do qual faço parte, com várias opiniões sobre este tema, entre as quais se encontra a minha (Smiles & Cries).

Um abraço
Lmleitao

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