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sábado, abril 09, 2005 

Estigma Social da Globalização

Para finalizar o tema da globalização gostaria de referir o aspecto social da questão, isto porque não foi anteriormente focalizado.

A globalização, nos dias que correm, é vista com bastante receio nos Países Desenvolvidos (países do Norte) no que respeita na abertura das suas fronteiras, não só em termos económicos (retratado no artigo anterior) mas cada vez mais, em termos sociais.
A Globalização, na sua essência, prossupõe a livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoas, ou seja, um "mundo global" prossupões um Mercado Livre Económico e Financeiro e Social.
Com isto, quero dizer que tudo o que é criado economicamente pela liberalização dos mercados cria obrigatoriamente consequências na sociedade, ex. mais empresas cria mais postos de trabalho, o que origina mais concorrência e mais baixos preços (tal como o inverso).

O aspecto social da globalização, nos nossos dias, assume um poder tal que quando colocado de forma menos correcta pode criar grandes problemas sociais.
Na semana passada ao ler um artigo do Semanário Económico sobre a (in)sustentabilidade do Sistema de Segurança Social Português, o qual analisava que cerca de 49% dos desempregados são imigrantes, e que 51% desses são angolanos, representando os imigrantes de leste uma fatia de 11%.
Estes número são bastante alarmantes, em termos de tx. de desemprego, mas mais alarmante é esta mesmo análise, reparem no que dirá um indivíduo com pouca formação e baixas habilitações (generalidade da população portuguesa) e desempregado pensará, de certeza que a razão pela qual está no desemprego e pela situação lastimável que está a nossa Segurança Social é dos estrangeiros. O que não é verdade, ou seja, concluímos que cerca de 90% dos imigrantes que residem no nosso país (especialmente dos luso descendentes), são indivíduos que realizam tarefas que os trabalhadores portugueses não querem fazer.

Por outro lado, é bastante interessante vermos as vantagens que podemos tirar desta mão-de-obra, especialmente dos imigrantes de leste com elevados níveis de formação académica e com idades compreendidas entre os 22 - 35 anos de idade. Se virmos estes indivíduos (cidadãos do leste) como um pacote, em que o estado Português não teve qualquer custo com eles (saúde e educação) ao longo da sua vida e encontrarem-se em perfeita idade para trabalhar, porque não aproveitar os seus conhecimentos e eficiência em àreas que somos tão necessitados, como na saúde com especial relevo no interior!? Façamos como a França após a 2ª Guerra Mundial que foi um exemplar receptor de imigrantes de várias culturas, não só europeias mas sobretudo de indivíduos provindos das suas antigas colónias, ou mesmo Inglaterra, com especial foco para Londres que é talvez a capital da Europa onde todas as culturas e etnias se chocam.
Na minha opinião, temos que pegar nos instrumentos que temos e utilizá-los da forma mais eficiente e não nos limitando a desprezá-los e a culpá-los de tudo de mal que nos acontece, não será por ventura que se combaterá o desemprego pela criação de postos de emprego precários, mas sim pela criação de postos de trabalho essenciais para a economia e aproveitar estes "pacotes" para contribuirem, juntamente com todos nós, para o aumento da tão famosa taxa de produtividade.
Não nego que este confronto de culturas possa desencadear problemas sociais mas não são problemas sem resolução.

Vejamos a realidade actual da sociedade holandesa, uma sociedade que eu sempre tive a noção de ser um país "super liberal" em todos os aspectos mas sempre dentro de limites e com uma organização exemplar das suas instituições e cidadãos, depáro-me com um artigo bastante interessante da revista inglesa The Economist desta semana, que retata um fenómeno inverso à ideia de "super liberalização holandesa".
Este artigo evidencia um clima de alguma discriminação por parte da população holandesa quanto aos seus imigrantes em problemas sociais, como a criminalidade com especial foco para a comunidade Islâmica após o esfaquemento de Van Gogh (crítico da cultura islâmica) e o assassinío de um político bem como outros possíveis assassínios políticos planeados por uma rede islâmica.
A diferença entre a sociedade Portuguesa e Holandesa apenas se parece nestes pontos, mas rapidamente diverge quanto à forma de resolver os problemas. Enquanto que Portugal segue a política de "contínua culpabilização" o governo holandês, ao aperceber-se deste fenómeno tomou a iniciativa, juntamente com um leque de instituições, de apostar sobretudo na edução e formação destes indivíduos, trabalhando com universidades, centros de formação e de apoio a imigrantes de forma a contribuir para que a integração destes indivíduos seja feita de forma eficiente e caso não se sintam bem tenham a livre vontade e a facilidade de retomarem aos seus países e mais, adoptou uma política, que no meu entender pode ser considerada demasiada excessiva quanto não estudada em detalhe, que consistiu no facto de que todo o trabalhador que rejeite uma proposta de trabalho e que tenha capacidades para a desemprenhar e esteja desempregado sofrerá fortes medidas repulsivas (ainda não determinadas), mas possivelmente passará pela retirada do subsídio de desemprego.

De uma forma geral, observamos que os países europeus começam a preocupar-se com a imigração e a livre mobilidade de pessoas por todo o espaço europeu, sendo essa preocupação cada vez maior com o alargamento da União Europeia e por isso é cada vez mais importante procurar e encontrar soluções credíveis o quanto antes e não quando a situação se torna "insólita".

lmleitao

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