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sábado, abril 02, 2005 

(in)desejável Globalização

O primeiro assunto a ser desenvolvido no Económicas é a Globalização.

É um dos temas mais comentados na actualidade e mais controverso que suscita tantas opiniões divergentes na comunidade Económica.

A Globalização, como todos os fenómenos, tem vantagens como desvantagens, a grande dúvida está em saber qual destas prevalece.
A Globalização pode ser vista como um fenómeno demagógico e hipócrita feito pelas grandes potências mundiais que desejam-na a todo o custo quando necessitam de enriquecer à conta dos mais pequenos mas rapidamente a rejeitam e criticam, quando a partir de certa altura não lhes trás tantos benefícios como inicialmente.
Reparem no que se passou desde sempre, os países desenvolvidos, Alemanha, França, Reino Unido, E.U.A, sempre defenderam a globalização na medida em que os países mais pobres deveriam abrir as suas fronteiras e barreiras comerciais (facilitando a entrada nestes países das suas multinacionais) mas nunca defenderam a abertura das suas próprias fronteiras, tendo mesmo fechado ao comércio externo determinados sectores (o caso mais marcante é o sector agrícola americano, extremamente protegido pelo Governo). Ou mesmo a crise financeira da América Latina, que foi desencadeada pelos grandes investidores que serviram-se das próprias lacunas dos mercados financeiros deste países para retirarem enormes dividendos como para destruírem, ainda mais, as economias dos países latinos, na medida que, num dia “injectavam” grandes quantidades de capital nestes países, de forma a valorizarem a moeda local, para que no outro dia retirassem o seu capital mais as suas mais-valias do país, levando a economia local à debilidade total.

Por outro lado, podemos ver o lado positivo da Globalização, vejam o período após-guerra, na reconstrução da Alemanha e da França, países completamente destruídos economicamente, socialmente e politicamente, com carência de mão-de-obra para reconstruir os seus países, tiveram que recorrer a mão-de-obra estrangeira, nomeadamente italiana (principalmente a Alemanha), alguma portuguesa e argelina (França). Muitos defendem que o desenvolvimento dos países menos desenvolvidos depende principalmente do investimento feitos pelas multinacionais no seu território, pois estas “favorecem a introdução de novas tecnologias, o acesso a novos mercados e a criação de novas indústrias” como defende Joseph E. Stiglitz, mas será mesmo assim, não estarão estas empresas unicamente preocupadas na obtenção de lucro? Talvez não só, isto é, olhando por exemplo, para o caso da Microsoft e da Sun Microsystems na Índia, que vieram dar um alento à economia indiana, com fortes investimentos na zona, logicamente com o objectivo de obter lucro, mas proporcionaram elevados investimentos no país, contribuído para o desenvolvimento base de uma economia, a educação.

Enfim, são dois panoramas com o seu ponto de vista, a questão coloca-se em saber como se deve enfrentar a Globalização, porque não passa pela cabeça de ninguém viver num mundo fechado, vivemos e viveremos num mundo Global onde a concorrência tenderá ser cada vez mais forte.
Quando hoje tememos a forte concorrência chinesa no mercado dos têxteis e procuramos explicações baseadas unicamente nas condições humanamente degradantes praticadas na China, para os baixos preços em comparação aos nossos, será que não nos perguntamos o que andámos a fazer nos últimos 30 anos, em que este mercado foi extremamente protegido pelo governo, com enormes apoios monetários por parte de todos nós contribuintes! O que foi feito a estes dinheiro? Logicamente que não poderemos concorrer directamente na produção dos têxteis com os chineses, e muito provavelmente também não o seríamos caso as coisas fossem diferentes, mas podia-se estar já um passo à frente no que se refere a novos produtos, a novos processos de produção, a novas áreas de pesquisa de inovação de investigação, e então ai poderíamos não estar tão preocupados com os possíveis 100 mil trabalhadores que virão para o desemprego!!!
Reparem no inverso da situação Portuguesa, oo casos do Japão e dos E.U.A. e da Coreia do Sul que construíram a sua economia protegendo inteligentemente algumas das suas indústrias até estas se tornarem suficientemente fortes para competirem com as suas congéneres estrangeiras". O caso da Coreia do Sul é bastante similar ao Português mas com um fim bastente diferente. Durante 2 décadas a Coreia do Sul foi um país com uma Economia fechada, bastante controlada pelo governo e hoje é uma das fortes ameaças no mercado manufacturado, como na electrónica e no mercado industrial, isto porque a política económica coreana durante este período baseou-se numa política de protecção face ao exterior por parte do estado, dando tempo para as suas indústrias se desenvolverem e competirem com as congéneres estrangeiras, tornando-se hoje, concorrentes no mercado internacional, isto claro, aliado ao bom senso e eficiência por parte dos gestores e empresários coreanos que souberem aproveitar a oferta, ao contrário da generalidade dos nossos gestores que “só fazem um poço quando têm sede”, o problema agrava-se é quando o poço está seco!

O caminho a seguir, de certeza que não passará em tentar competir com os preços de países como a China e a Índia com políticas que se baseiam em baixos salários, aumento das horas de trabalho, exploração da mão-de-obra e todo um conjunto de políticas condenáveis humanamente, mas sim investir em áreas de afirmação, apostar na qualidade intelectual dos indivíduos, como são as áreas da educação, tecnologia, inovação e investigação, pois são estas áreas que demarcam os países desenvolvidos dos em desenvolvimento!

Assim cabe-nos obtar por ser uma das personagens, seremos como o Pigarro² que recusa e resiste à mudança e com isso irá conduzir-lhe a uma situação pior, ou seremos como o Gaguinho², que aprende a adaptar-se com o tempo quando vê que a mudança conduz a uma situação melhor.
Somos nós que fazemos o nosso destino, e por isso, só a nós nos cabe enfrentar o futuro como quisermos.


² Personagens da obra de Dr. Spencer Johnson, Quem Mexeu no meu Queijo


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