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domingo, abril 17, 2005 

Poupança como base Económica da Economia

Esta semana, trago-vos uma análise sobre a Poupança Mundial.

A poupança consiste na parte do rendimento que não é consumida pelo agente económico, que será utilizado para gerar riqueza para si mesmo e para a sociedade em geral, na medida que essa poupança será utilizada por outros para financiar projectos de investimento. Assim, quanto maior for a taxa de poupança, maior será o crescimento económico de um país.
Para que o ciclo de Poupança → Crescimento Económico, seja eficiente a poupança tem que ser feita pelos aforradores juntos de instituições financeiras para que essas financiem os projectos de investimento por parte dos empreendedores ou mesmo pelas famílias na aquisição da sua habitação, ou seja, se este ciclo for feito de forma correcta o dinheiro de quem não precisa, no presente (aforradores), é utilizado por quem precisa, no presente, quer sejam empresas ou famílias na obtenção de empréstimos bancários.

Nos nossos dias, verificamos que este ciclo não é feito da forma mais eficiente, pois não é viável para ambas as partes, mas principalmente para os aforradores, devido às baixas taxas de juro praticadas em depósitos (cerca de 1.7% anual), fazendo com que os aforradores encaminhem as suas poupanças para outros “caminhos” com taxas de rendibilidade superiores, fazendo com que o “ciclo de poupança → crescimento” deixe de funcionar, pois deixa de haver financiamento.

Num artigo intitulado "The shift away from sthrift" publicado esta semana na The Economist, é feito uma análise preocupante sobre a variação, nos últimos anos, da taxa de poupança das famílias nos países desenvolvidos.
Verifica-se que a taxa de poupança dos países do Norte tem cada vez mais vindo a diminuir, o que faz com que não haja financiamento para quem precisa de recorrer ao crédito, quer seja para investir em novos projectos, quer seja para adquirir uma casa ou outro qualquer bem ou serviço, fazendo com que os desequilíbrios económico-sociais se agravem cada vez mais, havendo uma maior divergência de classes sociais neste países.

Uma das conclusões do artigo, refere que este fenómeno está ligado ao desenvolvimento do sistema financeiro destes países, na medida que lhes permite obter maiores rentabilidades, ou seja, verifica-se que estes investidores, preferem investir no mercado bolsista (activos financeiros e seus derivados) e mais recentemente no mercado imobiliário, que lhes garante uma rentabilidade de 8% ao ano (em média num período de 5 anos) do que investir num depósito a prazo a uma taxa de 1.7% ao ano.
Este facto ocorre, sobretudo, devido às baixíssimas taxas de retorno dos depósitos a prazo, que nem chegam a suportar os níveis de inflação (o que em termos reais se traduz em perda do poder de compra).

Uma das soluções para combater este fenómeno seria aumentar as taxas de juro, mas isso implicaria aumento dos custos nos empréstimos obtidos, o que se tornaria numa solução errada. Outra solução, seria criar incentivos junto dos investidores para que esses não só criassem riqueza como a “colocassem” ao serviço de quem mais precisa.
Segundo vários estudos, a aplicação destes incentivos não significa obrigatoriamente, aumento da propensão poupada, mas de certa forma, podem contribuir para que haja mais gente a aplicar as suas poupanças de forma mais eficiente.
Um tipo de incentivo que vigorou em Portugal, cerca de 15 anos foram os Planos de Poupança de, Reforma e Educação (PPR/E), de habitação (PPH) e os de Acções (PPA) que tinham subjacente uma rentabilidade de 25% sobre o total da riqueza investida (mediante um limite máximo estipulado por idades). Este incentivo, apesar de ter afectado apenas 7% da população portuguesa, no último ano em vigor, em 2004, este tipo de produtos teve uma forte afluência devido a uma enorme campanha de marketing por parte das instituições financeiras junto dos seus clientes.

Eu defendo a existência deste tipo de incentivos fiscais, podia até ver outros sobre outros produtos, isto porque incentiva a população a poupar mas de forma correcta beneficiando não só o indivíduo, no futuro com as mais valias criadas, mas toda a sociedade, pois assim é possível fomentar o crescimento económico, não só no presente mais principalmente num período futuro, pois fomenta a melhoria do nível de vida no futuro e como o cada vez mais deprimente estado financeiro da Segurança Social, maior será a preocupação das pessoas em garantirem o seu “pé de meia” na altura em que se aposentarem.

Para concluir, penso que a poupança é fundamental na criação de riqueza de um país, e no caso de Portugal é fundamental que o Estado tenha um papel importante no incentivo à poupança, verifiquem que os incentivos fiscais representaram em média apenas 1 % do PIB nacional, o que em termos futuros se torna bastante produtivo. É preciso, sobretudo, que cada cidadão tenha consciência que é necessário poupar mas também é preciso que os vários agentes económicos criem condições plausíveis e não demagógicas para fomentar a poupança individual.

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