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domingo, maio 29, 2005 

(Des)União Europeia

Após a desilusão, para mim, que foi a vitória do Não sobre o Tratado da Constituição Europeia, gostava de vos dar a minha opinião sobre os malefícios que esta decisão nos poderá causar, para nós Europeus e não somente Portugueses.
Desde as primeiras projecções feitas sobre o referendo da Constituição Europeia às 16h de Portugal continental, verificou-se o que alguns analistas financeiros previam, uma “queda a pique” do Euro face às várias moedas, dólar norte-americano, iene, franco suíço, libra esterlina e as moedas dos futuros países aderentes à União Europeia.
Ao longo do mês de Maio, esta oscilação do euro tem sido evidente nos crosses do Euro face às moedas dos países de leste, como é o caso do «zloty» polaco, a coroa checa, o florint húngaro e a lira turca, em que se registou a valorização do Euro face a estas moedas quando as projecções davam a vitória do Não e o inverso, a desvalorização do Euro com a vitória do Sim.
Com a vitória do Não francês, muita coisa ficará em suspenso no seio da União.
Penso que foi a situação mais prejudicial para os vários Estados-Membros, presentes e futuros, isto porque coloca em causa a coesão da União, o que poderá traduzir-se em modificações bastante significativas e nada proveitosas para os seus interveniente. Para além de outros pontos, gostava de salientar o aspecto económico e financeiro da questão.

Em português corrente, a vitória do Não irá originar duas “brechas” na economia europeia, já “precária” devido à conjectura económica por todo o mundo:

1. irá tornar o euro mais fraco, o que de certa forma irá beneficiar as exportações europeia para fora do espaço euro, mas não nos esqueçamos do lado controverso da questão, irá aumentar o preço das importações, com especial atenção sobre o bem que a Europa mais importa, o petróleo, bem essencial na produção da maioria dos produtos, utilizado para a produção dos plásticos até como bem combustível, o que levará a um aumento generalizado dos preços (inflação) e por consequente, a um aumento da taxa de juro por aprte do BCE que significa um aumento das prestações bancárias por parte da maioria do cidadãos portugueses e europeus e respectivas empresas proporcionando, desta forma, uma diminuição do poder de compra;
2. por outro lado, toda esta situação vem demonstrar a pouca força que a União Europeia tem no contexto internacional como um todo com a contínua divergência opiniões pelos Estados-Membros que passa para fora da União, o que só vem diminuir a confiança por parte dos investidores no velho continente, traduzindo-se na diminuição de investimento, na diminuição da entrada de capital na zona Euro provindo de terceiros contribuindo para a demora do arranque económico europeu.

Sem querer entrar em mais pormenores sobre o tratado da Constituição Europeia, penso que esta situação aconteceu pela divergência de leituras que foram feitas do tratado, quer pela parte da direita quer pela esquerda política que fez com que os cidadãos não soubessem exactamente para o que estavam a votar, situação bastante similar que prevejo que venha a acontecer em Portugal, aliada ao facto de o referendo sobre a matéria coincidir com as eleições autárquicas o que reduzirá o tempo para a explicação do conteúdo do tratado à população.
Enfim, o tratado apenas pretendia acertar pontos tão essenciais para o correcto e eficaz funcionamento de qualquer instituição e organização.
Esses pontos vêm hoje bastante simplificados no Público, “passa por dar personalidade jurídica à EU de forma a poder subscrever tratados internacionais com o intuito de expressar uma só vontade de todos os membros, tem o intuito de evitar a palhaçada que foi com o episódio de apoio aos EUA na invasão do Iraque, havendo uns que apoiam e outros que não; delimitar a competência da UE e dos seus estados-membros; a Carta dos direitos Fundamentais passa a ser integrada no novo tratado; o Presidente do Conselho Europeu substitui as presidenciais rotativas semestrais com um mandato de dois anos e meio renováveis; passa por uma nova “cooperação estruturada” no domínio da defesa e criação da Agência europeia do Armamento, Investigação e Capacidades, sob autoridade do Conselho e passa pela existência de um ministro europeu dos Negócios Estrangeiros em substituição do Alto representante, representando a UE junto de outras entidades ”.
Não passa com certeza por uma ameaça à deslocalização das grandes empresas para os países mais pobres contribuindo para o aumento do desemprego na zona Euro, o tratado não faz evidência a isso, segundo o mesmo jornal perante uma observação por parte dos constitucionalistas “o tratado não impede nem favorece as deslocalizações”.

Vejo que este tratado só vem tornar a União Europeia mais unida, mais forte, com o intuito de criar uma só entidade a expressar uma só vontade, é claro que isto traz consigo desvantagens tão marcantes para nações independentes, como é a perda da soberania, não confundir com Liberdade de Expressão, mas penso que é um passo necessário para caminharmos cada vez mais para uma região forte e capaz de enfrentar as grandes potência económicas que estam a emergir a uma velocidade supersónica, os BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China –.

Espero que este contratempo tenho rápida solução porque senão, esta situação só virá dar razão a todos aqueles que acham que a União da Europeia não deixa de ser uma União de interesses individuais e não regida pelos seus principais objectivos, que consistem em garantir a paz e a estabilidade económica no velho continente.

Vamos esperar pelos próximos dias e ver o que se vai passar, no mercado financeiros se o resultado foi sentido de imediato pode ser que os indicadores económicos norte-americanos e europeus a saírem na próxima semana venham atenuar os prejuízos que este resultado possa criar na nossa economia.
Nada como seguir os mercados financeiros para vermos para onde iremos caminhar.

Um abraço
lmleitao

Sou adepto do Não. Por várias razões, como, aliás, quase sempre acontece quando não aderimos a uma idéia, a um projecto. E essas razões prendem-se com questões de política interna, tal como aconteceu em França, na Holanda, tal como aconteceria na Inglaterra (se houvesse referendo, decisão política que, entretanto, face à previsão do resultado, foi "engavetada") e, estou convencido, tal como aconteceria em Portugal se o referendo agora ocorresse - voto de desagrado face à conjuntura económico-social depressiva que há muito vivemos e que já mais parece ser "estrutural" (portanto, neste sentido, o não representa uma desconfiança, uma crítica ao estado de desgoverno a que chegámos) ; com questões de política externa (embora cada vez com menos propriedade se possa efectuar esta dicotomia tradicional, dada a interdependência crescente dos países, com a consequente importação e exportação de crises), dado entender que a UE deu demasiados passos apressados e "queimou" demasiadas etapas necessárias à consolidação de um ideal de espírito europeu. Não se pode construir uma Europa forte, como tanto se apregoa, quando os seus países, os seus povos, estão a fraquejar em valores de civilização tão importantes como, por exemplo, o emprego, como hoje acontece. E sobretudo, quando as perspectivas (ao contrário do que sucedeu após a II Guerra Mundial) são negras. O que o meu Não significa é, pois, um aviso de "Parem, Escutem e Olhem" antes de avançar mais. Não faz mal nenhum, antes pelo contrário, olhar um pouco para a História e, no nosso caso particular de Portugal, não se pode, em 20 anos, deitar 850 anos de História para o lixo. Devemos reflectir muito bem, devem todos os povos da Europa reflectir muito bem. O que já se alcançou em termos de construção europeia, necessita de ser sedimentado. E a classe política deve saber interpretar melhor os sinais que os eleitores lhes vão dando...

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